domingo, 23 de novembro de 2014

HOMILIA DA MISSA DE CRISTO REI - PAPA FRANCISCO

Papa Francisco - Homilia da Missa de Cristo Rei - Praça de São Pedro - 24 novembro 2013
NB: A homilia deste ano ainda não se encontra disponível no site do Vaticano.

"A solenidade de Cristo Rei do universo, que hoje celebramos como coroamento do ano litúrgico, marca também o encerramento do Ano da Fé, proclamado pelo Papa Bento XVI, para quem neste momento se dirige o nosso pensamento cheio de carinho e gratidão. Com esta iniciativa providencial, ele ofereceu-nos a oportunidade de redescobrirmos a beleza daquele caminho de fé que teve início no dia do nosso Baptismo e nos tornou filhos de Deus e irmãos na Igreja; um caminho que tem como meta final o encontro pleno com Deus e durante o qual o Espírito Santo nos purifica, eleva, santifica para nos fazer entrar na felicidade por que anseia o nosso coração.
Desejo também dirigir uma cordial saudação aos Patriarcas e aos Arcebispos Maiores das Igrejas Orientais Católicas, aqui presentes. O abraço da paz, que trocarei com eles, quer significar antes de tudo o reconhecimento do Bispo de Roma por estas Comunidades que confessaram o nome de Cristo com uma fidelidade exemplar, paga muitas vezes por caro preço.Com este gesto pretendo igualmente, através deles, alcançar todos os cristãos que vivem na Terra Santa, na Síria e em todo o Oriente, a fim de obter para todos o dom da paz e da concórdia.
As Leituras bíblicas que foram proclamadas têm como fio condutor a centralidade de Cristo: Cristo, centro da criação, do povo e da história.
1. O Apóstolo Paulo, na segunda Leitura tirada da Carta aos Colossenses, dá-nos uma visão muito profunda da centralidade de Jesus. Apresenta-O como o Primogénito de toda a criação: n’Ele, por Ele e para Ele foram criadas todas as coisas. Ele é o centro de todas as coisas, é o princípio. Deus deu-Lhe a plenitude, a totalidade, para que n’Ele fossem reconciliadas todas as coisas (cf. 1, 12-20). Esta imagem faz-nos compreender que Jesus é o centro da criação; e, portanto, a atitude que se requer do crente – se o quer ser de verdade - é reconhecer e aceitar na vida esta centralidade de Jesus Cristo, nos pensamentos, nas palavras e nas obras. Quando se perde este centro, substituindo-o por outra coisa qualquer, disso só derivam danos para o meio ambiente que nos rodeia e para o próprio homem.
2. Além de ser centro da criação, Cristo é centro do povo de Deus. Assim no-lo mostra a primeira Leitura, que narra o dia em que as tribos de Israel vieram procurar David e ungiram-no rei sobre Israel diante do Senhor (cf. 2 Sam 5, 1-3). Na busca da figura ideal do rei, aqueles homens procuravam o próprio Deus: um Deus que Se tornasse vizinho, que aceitasse caminhar com o homem, que Se fizesse seu irmão.
Cristo, descendente do rei David, é o «irmão» ao redor do qual se constitui o povo, que cuida do seu povo, de todos nós, a preço da sua vida. N’Ele, nós somos um só; unidos a Ele, partilhamos um só caminho, um único destino.
3. E, por último, Cristo é o centro da história da humanidade e de cada homem. A Ele podemos referir as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias de que está tecida a nossa vida. Quando Jesus está no centro, até os momentos mais sombrios da nossa existência se iluminam: Ele dá-nos esperança, como fez com o bom ladrão no Evangelho de hoje.Enquanto todos os outros se dirigem a Jesus com desprezo – «Se és o Cristo, o Rei Messias, salva-Te a Ti mesmo, descendo do patíbulo!» –, aquele homem, que errou na vida mas arrepende-se, agarra-se a Jesus crucificado suplicando: «Lembra-Te de mim, quando entrares no teu Reino» (Lc 23, 42). E Jesus promete-lhe: «Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso» (23, 43). Jesus pronuncia apenas a palavra do perdão, não a da condenação; e quando o homem encontra a coragem de pedir este perdão, o Senhor nunca deixa sem resposta um tal pedido.
A promessa de Jesus ao bom ladrão dá-nos uma grande esperança: diz-nos que a graça de Deus é sempre mais abundante de quanto pedira a oração. O Senhor dá sempre mais do que se Lhe pede: pedes-Lhe que Se lembre de ti, e Ele leva-te para o seu Reino!Peçamos ao Senhor que Se lembre de nós, certos de que, pela sua misericórdia, poderemos partilhar a sua glória no Paraíso. Amém!"

Fonte: http://www.news.va/pt/news/papa-francisco-homilia-da-missa-de-cristo-rei-prac

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

SAUDAÇÃO DO PAPA FRANCISCO AOS PARTICIPANTES DE UM CURSO SOBRE MATRIMÓNIO, ORGANIZADO PELA ROTA ROMANA

Vaticano, Sala Paulo  VI, 5 de Novembro de 2014

Não preparei discurso algum, só desejo saudar-vos. No Sínodo extraordinário falou-se sobre os procedimentos, os processos, e há uma preocupação para os tornar mais simples, por uma razão de justiça. Justiça, para que sejam justos, e justiça para quantos esperam, como Sua Excelência o Monsenhor Decano acabou de dizer. Justiça: quantas pessoas esperam durante anos uma sentença. E por isso já antes do Sínodo constituí uma Comissão que ajudasse a indicar possibilidades diversas neste sentido: uma linha de justiça, e também de caridade, porque há muitas pessoas que têm necessidade de uma palavra da Igreja sobre a sua situação matrimonial, pelo sim e pelo não, mas que seja justa. Alguns processos são tão longos ou difíceis que não favorecem, e por fim, são abandonados. Por exemplo: o Tribunal interdiocesano de Buenos Aires, não me recordo mas penso que de primeira instância, atendia a 15 dioceses; a mais distante, penso, a 240 km... Não é possível, não se pode imaginar que pessoas simples, comuns, para ir ao Tribunal devem fazer uma viagem, perder dias de trabalho, inclusive dias de pagamento... tantas coisas... Eles dizem: «Deus compreende-me, e vou em frente assim, com este peso na alma». E a mãe Igreja deve fazer justiça e dizer: «Sim, é verdade, o teu matrimônio é nulo — Não, o teu matrimônio é válido». A justiça é dizê-lo. Deste modo, eles podem ir em frente sem a dúvida, sem a escuridão na alma.

É importante que se realizem cursos, e agradeço muito ao Mons. Decano pelo que faz. E agradeço-o também porque ele mesmo preside a esta Comissão para encontrar sugestões para simplificar os processos. Em frente, sempre! É a mãe Igreja que vai e procura os seus filhos para fazer justiça. E é preciso estar também muito atentos para que os processos não estejam dentro das molduras do lucro: e não falo de coisas estranhas. Houve até escândalos públicos. Faz algum tempo, despedi do Tribunal uma pessoa que dizia: «10.000 dólares e faço-te os dois processos, o civil e o eclesiástico». Por favor, isto não! Também no Sínodo houve propostas que falavam de gratuidade, devemos verificar... Mas quando o interesse espiritual está ligado ao econômico, isto não é de Deus! A mãe Igreja é muito generosa para poder fazer justiça gratuitamente, como gratuitamente fomos justificados por Jesus Cristo. Este ponto é importante: separai as duas coisas.

E obrigado por terdes vindo a este curso: deve-se estudar e ir em frente, procurando sempre asalus animarum, que não deve ser encontrada necessariamente fora da justiça, aliás, com justiça. Muito obrigado e peço-vos que rezeis por mim. Obrigado.

Fonte: http://m.vatican.va/content/francescomobile/pt/speeches/2014/november/documents/papa-francesco_20141105_tribunale-rota-romana.html