“Obediência e sabedoria, na alegria e na
criatividade”: foi a exortação do Papa Francisco na homilia da Missa aos
religiosos e religiosas, celebrada na tarde desta segunda-feira, na Basílica de
São Pedro, por ocasião da festa da Apresentação do Senhor e do XIX Dia da Vida
Consagrada. Conduzam os outros a Jesus, mas deixem-se também conduzir por Ele,
disse-lhes o Santo Padre.
A emocionada ternura com a qual Maria caminha
no Templo com Jesus Menino no braço, levando-o a encontrar o Seu povo.
Na festa da Apresentação do Senhor, o
Pontífice iniciou a sua homilia com esta cena evangélica, para falar a
consagrados e consagradas, ressaltando o profundo significado da imagem de
Maria que leva o Filho, mas também d’Ele que, no fundo, a leva neste caminho de
Deus que vem até nós, a fim de que nós possamos ir até Ele.
“Jesus fez a nossa mesma estrada para
indicar-nos o caminho novo, ou seja, o caminho novo e vivo, que é Ele mesmo. E
para nós, consagrados, este é o único caminho que, concretamente e sem
alternativas, devemos percorrer com alegria e perseverança.”
Este caminho passa pela obediência. “Jesus
não veio fazer a sua vontade – disse o Papa –, mas a vontade do Pai. Assim,
quem segue Jesus se coloca no caminho da obediência – continuou o Bispo de Roma
– abaixando-se e fazendo sua a vontade do Pai, inclusive até o aniquilamento e
humilhação de si mesmo.
“Para um religioso, progredir significa
abaixar-se no serviço, isto é, fazer o mesmo caminho de Jesus, que não
considera um privilégio ser igual a Deus. Abaixar-se fazendo-se servo para
servir.”
Através desta lei – continuou o Papa – os
consagrados podem alcançar a sabedoria, um dote que opera concretamente e que é
dom do Espírito Santo. Seu sinal evidente é a alegria.
A cena da Apresentação de Jesus no Tempo
volta em evidência quando Francisco coloca lado a lado o grupo dos jovens,
Maria e José; e dos anciãos, Simeão e Ana, que acolhem o Menino. Ambos os
grupos conduzem o Menino, mas são também conduzidos por Ele.
Ambos os grupos são guiados pela obediência a
Deus e à lei. Aspectos que nos anciãos se desdobram numa qualidade ulterior: a
da criatividade, própria de quem é repleto do Espírito Santo. Deste modo – diz o
Papa –, Deus mesmo transforma a obediência em sabedoria.
“Através do caminho perseverante na
obediência, amadurece a sabedoria pessoal e comunitária, e assim se torna
possível também adaptar as regras aos tempos: de fato, a verdadeira atualização
é obra da sabedoria, forjada na docilidade e obediência.”
Justamente por isso – ressaltou Francisco aos
religiosos e religiosas –, o revigoramento e a renovação da vida consagrada se
dão através de um grande amor à regra e também através da capacidade de
contemplar e ouvir os anciãos da Congregação.
“Através deste caminho, somos preservados do
viver a nossa consagração de modo light e desencarnado, como se fosse um gnose,
que se reduziria a uma “caricatura” da vida religiosa, na qual se vive o
seguimento a Cristo sem renúncia, uma oração sem encontro, uma vida fraterna
sem comunhão, uma obediência sem confiança, uma caridade sem transcendência.”
Portanto – concluiu o Papa Francisco –,
entremos no mistério que se manifesta no conduzir os outros a Jesus,
deixando-nos, ao mesmo tempo, conduzir por Jesus. “Isto é o que devemos ser:
guias guiados”.