sexta-feira, 15 de março de 2013

Papa Francisco, o primeiro da América Latina


Jorge Mario Bergoglio, cardeal-arcebispo de Buenos Aires, Argentina, foi escolhido ,aos 76 anos, o 266º Papa da Igreja Católica. O que aconteceu neste dia 13 de março de 2013 surpreendeu a todos. Primeiro, porque o seu nome não era lembrado entre os papáveis. Segundo, por ser alguém da América Latina. Assim, a Igreja Católica põe um pé fora da Europa, mostrando que ela se abre ao mundo, traço característico da catolicidade, ou seja de sua universalidade.
Ao ser escolhido Papa, Bergoglio assumiu o nome de Francisco. "A escolha do nome Francisco indica que ele será mais próximo dos pobres, comprometido com o bem da Igreja", afirmou o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi. Além disso, o Papa Francisco revela os traços de ser uma pessoa humilde e simples, com uma preocupação claramente pastoral. É um Papa próximo do povo. Este nome também indica um desejo de renovação da Igreja, assim como representou outro com o mesmo nome, Francisco de Assis, o santo fundador da Ordem dos Frades Menores, os Franciscanos.

Antes de dar a sua primeira bênção ao Povo, Francisco pede que o Povo reze e peça a Deus que o abençoe. E se inclina reverentemente. Sinal de humildade, de proximidade com o povo, ele mostra ser um Pastor não afeitos a adornos. Conhecido por seu trabalho com os mais humildes nas favelas de Buenos Aires, ele chegou a negar os luxos enquanto cardeal na capital argentina. Pegava frequentemente ônibus para ir ao trabalho e chegava a cozinhar as próprias refeições. O Papa Francisco mostra o alcance social da fé cristã.

Não faltarão desafios para este papado. Uma primeira série de desafios provem das transformações que ocorrem no mundo de hoje. Estaríamos numa “mudança de época”. Isto requer uma Igreja capaz de acompanhar estas mudanças, usando uma linguagem apropriada e capaz de responder à altura os novos desafios do nosso tempo.  A crescente consciência ecológica, o avanço das novas tecnologias e os problemas sociais resultantes do fraco crescimento econômico exigem uma Igreja “antenada” com o seu tempo. Urge um acento mais social do anúncio do Evangelho.
Outra série de desafios vem do interior mesmo da Igreja e clamam ora por uma reorganização interna, incluída a Cúria Romana, ora por uma clareza da centralidade de Jesus Cristo na vida do cristão. Ao fazer a sua primeira homilia, na quinta-feira, dia 14/03, o Papa Francisco já apontou para três linhas: “Caminhar, edificar e confessar”. Caminhar na luz de Cristo. Edificar a Igreja. Confessar a Jesus Cristo. Caso contrário, a Igreja se torna “uma ONG de caridade”, afirmou o Papa, perdendo sua identidade primeira.
O Papa Francisco nos convoca a estar em “movimento”, não parar no meio do caminho. Importa caminhar iluminados pelo Senhor e em sua constante presença.

Frei Nilo Agostini, ofm
Coordenador da Pastoral Universitária – USF (Universidade São Francisco), com sede em Bragança Paulista SP
Professor da USF
Coordenador e professor do Curso de Teologia da Fajopa (Faculdade João Paulo II) de Marília, SP

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