Católicos e ortodoxos assumem compromisso comum em causas sociais e no
diálogo entre religiões
Jerusalém, 25 mai 2014 (Ecclesia) - O Papa Francisco e o patriarca
de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu, assinaram hoje em Jerusalém
uma declaração conjunta na qual assumem compromissos comuns em causas sociais e
no diálogo entre religiões.
“Temos o dever de oferecer um testemunho comum do amor de Deus por
todas as pessoas, trabalhando em conjunto ao serviço da humanidade,
especialmente na defesa da dignidade da pessoa humana em todas as fases da vida
e da santidade da família assente no matrimónio, na promoção da paz e do bem
comum”, assinala o texto, divulgado pela Santa Sé.
Católicos e ortodoxos querem combater “a fome, a pobreza, o
analfabetismo, a distribuição desigual de recursos” para construir juntos uma
sociedade “justa e humana”.
O texto assinado por Francisco e Bartolomeu manifesta preocupações
ecológicas, reconhecendo “maus-tratos” ao planeta, “o que aos olhos de Deus
equivale a um pecado”.
“Prometemos empenhar-nos na sensibilização sobre a salvaguarda da
criação; apelamos a todas as pessoas de boa vontade para tomarem em
consideração formas de viver menos dispendiosas e mais frugais”, refere a
declaração, dividida em 10 pontos.
Os dois líderes pedem respeito pela liberdade religiosa e convidam
os cristãos a “promoverem um diálogo autêntico com o judaísmo, o islamismo e
outras tradições religiosas”.
O Papa e o patriarca de Constantinopla manifestam uma “profunda
preocupação” pela situação dos cristãos no Médio Oriente, rezando pela paz na
Terra Santa e no Médio Oriente em geral.
“Rezamos especialmente pelas Igrejas no Egipto, Síria e Iraque,
que têm sofrido mais pesadamente por causa dos eventos recentes”, acrescenta o
documento.
A iniciativa decorreu após um encontro na delegação apostólica da
Santa Sé em Jerusalém, cidade onde o Papa foi acolhido pelo presidente da
autarquia local, Nir Barkat.
A reunião ecuménica contou com a presença de dignatários ortodoxos
e católicos, incluindo o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro
Parolin, e o presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos
Cristãos (Santa Sé), cardeal Kurt Koch.
No final do encontro, o Papa Francisco e o patriarca Bartolomeu
dirigiram-se para o Santo Sepulcro, para uma oração ecuménica.
A primeira viagem do Papa à Terra Santa evoca oficialmente o
encontro entre Paulo VI e o patriarca ecuménico Atenágoras, que teve lugar a 5
e 6 de janeiro de 1964 no Monte das Oliveiras em Jerusalém.
“O abraço trocado entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras
aqui em Jerusalém, depois de muitos séculos de silêncio, abriu a estrada para
um gesto epocal: a remoção da memória e do meio da Igreja dos atos de recíproca
excomunhão de 1054”, refere a declaração conjunta.
O texto assinala que
o diálogo teológico bilateral “não procura o mínimo denominador comum”, mas
“aprofundar o próprio conhecimento da verdade total que Cristo deu à sua
Igreja”.
“Apelamos a todos os cristãos, juntamente com os crentes das
diferentes tradições religiosas e todas as pessoas de boa vontade, para que
reconheçam a urgência deste tempo que nos obriga a buscar a reconciliação e a
unidade da família humana”, referem os líderes cristãos.
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