Fonte:
Mensageiro de Santo Antônio – Junho de 1999
Fernando nasceu em Lisboa, Portugal, em 15 de
agosto de 1191. Seus pais eram de nobre linhagem: Fernando Martins Afonso de
Bulhões e Maria Taveira. Moravam bem de frente à catedral. Nessa escola
episcopal, Fernando recebeu a instrução cristã e elementar. Adolescente ainda
entrou para o seminário dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, de onde ele
mesmo pediu transferência para Coimbra (a quase 200 quilômetros de distância) a
fim de continuar seus estudos. com mais sossego, sem a atrapalhação das
contínuas visitas de parentes e amigos que queriam persuadi-lo a desistir da
"sua" vocação. Fernando era um jovem que sabia o que queria:
dedicar-se de corpo e alma a Deus e aos estudos da Bíblia Sagrada. Na cidade
universitária - Coimbra porém, ele encontrou uma outra dificuldade no seu
desejo de seguir em radicalidade a Palavra de Deus. Na época, o mosteiro de
Santa Cruz, onde morava e estudava, era palco de intrigas, fuxicos e brigas por
bens materiais entre prelados e reis, monges e leigos. Fernando se empenhou
fortemente por estar alheio a toda essa dura, mas triste realidade. Mais do que
nunca, dedicouse a seus estudos escriturísticos e ao seu crescimento
espiritual. Um dia encontrou-se com 5 frades franciscanos. Amor à primeira
vista: viu neles todo o Evangelho vivido na simplicidade, na alegria, na
humildade e na generosidade.
Estavam de saída para Marrocos, para pregar a
"PAZ" e o "BEM", como dizia o fundador deles, Francisco de Assis,
ainda vivo, na Itália. Tempos depois, diante das relíquias dos 5 primeiros
mártires franciscanos, Fernando não teve mais dúvidas: trocou todo aquele
aparato clerical cheio de hipocrisia que ele conhecia pela simplicidade do
Evangelho vivido na fraternidade e no anúncio do Reino de Deus a povos pagãos.
Trocou até o nome. De Fernando passou a ser chamado Antônio, frei Antônio e,
jovem ainda, teve um só desejo: morrer mártir como aqueles 5 frades e "merecer,
assim, junto com eles, a coroa da glória."
Não havia soado ainda, a hora de Deus! O homem
propõe. Deus dispõe. Uma febre sem tamanho, na África, deixou-o prostrado meses
na cama. Aos poucos também aprende com que fadiga! - a seguir o projeto de
Deus. Decide voltar a Portugal, sua terra natal. Qual novo Pentecostes, porém,
os ventos sopram seu navio na direção da Itália e ali ele começa colocar-se
definitivamente nos passos de Deus. Na grande reunião dos frades (3.000) em
Assis, encontra-se com Francisco, com milhares de irmãos que seguiam o mesmo
ideal e, mais tarde, com Clara de Assis... Mudança radical na sua vida, no seu
desejo. Antônio não toma mais ' a iniciativa talvez pela decisão dura e
pedagógica de Marrocos -, mas se entrega incondicionalmente, embora também com
certo medo, nas mãos de Deus. Terminada a grande assembléia, em maio de 1221,
escolhe o silêncio: nada mais diz sobre sua preparação, seus estudos, sua
competência. Ninguém o conhece. Ninguém se interessa por ele. "As
almas humildes - escreverá mais tarde com conhecimento de causa -, desconhecidas
e felizes por serem esquecidas, são aquelas que imitam mais perfeitamente a
vida escondida de Jesus de Nazaré" (Sermões). E, assim, a pedido
de frei Graciano, ministro provincial da Romanha, no centro da Itália, lá vai
frei Antônio fazer parte de um conventinho eremitério situado no cimo do Monte Paulo. Como
sacerdote, reza missa aos confrades, mas faz outros serviços necessários à
comunidade, como lavar pratos, cuidar da horta, da limpeza, etc.
Dedica-se a longos tempos de oração - contemplação,
jejum e penitência. “Em águas turvas, escreverá mais tarde, não
se vê espelhado o próprio rosto. Se quiseres que o rosto de Cristo se espelhe
em ti, sai do barulho das coisas e guarda tranqüila tua alma" (Sermões).
Finalmente chega a hora de Antônio, que é a hora de
Deus. Na cidade de Forli, durante uma ordenação sacerdotal, na catedral lotada
de padres, irmãs, freis e fiéis, é convocado pelo superior a fazer a pregação.
Daqueles lábios há tanto tempo calados surgem, de repente, como de uma fonte
viva de água cristalina, as palavras mais comoventes, os exemplos mais
convincentes, os estímulos mais penetrantes. Todos, do bispo ao provincial frei
Graciano, dos frades às irmãs, dos padres aos fiéis, todos ficam admirados
pela eloqüência, pela sabedoria e pela profundidade daquele frade até então
desconhecido. Dali para frente, todos chamam a frei Antônio e ele passa a
percorrer as estradas, sobretudo as do norte da Itália e as do sul da França e,
nos últimos anos, (1229-1231), os caminhos de Pádua, anunciando o Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo.
Percorrendo as estradas da Europa, frei Antônio
percebe a fraqueza do povo na prática da fé, vítima às vezes das inúmeras
heresias e erros da época. Francisco o admira e envia-lhe um bilhete pedindo que
a mesma sabedoria que lhe deu uma profunda experiência de Deus, ele a transmita
a seus confrades.
"A frei Antônio, meu bispo: Saudações!
Muito me agrada que tu ensines a sagrada teologia aos frades, contanto que não
se extinga o espírito da santa oração e devoção ao qual tudo deve estar
submisso, conforme está escrito na Regra frei Francisco".
Coisa admirável, maravilhosa. Antonio unia em si a
sabedoria e a humildade, a cultura e a simplicidade, a oração e a caridade.
Confrades e povo o "adoravam" nesse sentido. Tão alto em sua cultura
e tão simples no trato com a gente, Doutor da Igreja e amigo dos simples e dos
pobres! E o povo ouve suas palavras. Segue seus conselhos. Sente-se
reconfortado em suas lutas. Crianças são por ele abraçadas e abençoadas. Mulheres
e esposas são defendidas em seus direitos. Lares são reunidos pela força do
amor que ele tão bem sabe suscitar.
E o povo continua a contar: "a mula se
ajoelhou diante da Eucaristia. O coração avarento foi encontrado no cofre do
seu tesouro. Ele curou o pé decepado de um jovem. Ele pregou aos peixes. Ele
defendeu os agricultores diante do terrível Ezzelino da Romano...'
E, assim, passou frei Antônio seus últimos anos,
curando e consolando os outros e tendo, para si, cansaço, doenças e penitência.
Após uma intensa atividade de pregações e confissões de Quaresma em Pádua,
retira-se na tranqüilidade da localidade de Camposampiero.
Mas, em junho de 1231, sente as forças faltarem-lhe
completamente. Pede para voltar a Pádua. Percorre os 20km em carro de boi,
moribundo. Em Arcella, às portas da cidade de Pádua, num quartinho humilde do convento das Irmãs Clarissas
Franciscanas, exala o último suspiro, cantando com voz tênue: "Gloriosa
Senhora - sobre as estrelas exaltada - alimentaste em teu seio Aquele que te
criou". Olhando um ponto fixo, consegue ainda exclamar: "Estou
vendo o meu Senhor". E morre. Não chegara aos 40 anos. Onze meses
depois, em 30 de maio de 1232, na catedral de Espoleto, Itália, foi proclamado
Santo pelo papa Gregório IX.
Santo Antônio de Pádua, Santo Antônio de Lisboa,
Santo Antônio do mundo inteiro!
2 comentários:
GLÓRIA DEUS ! ANTONIO SANTA FOI UM GRANDE INSTRUMENTO DE DEUS PRA NÓS. OBRIGADO ANTONIO SANTO POR MUITA GRAÇA RECEBIDA !!!
AMEI ESTE ESTÓRICO DE SANTA ANRONIO. CONHEICEU MUITO ESTÓRIA DELE !1323
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