sábado, 29 de junho de 2013

A IGREJA DEVE ESTAR PRÓXIMA DAS PESSOAS E ACOMPANHAR AS SITUAÇÕES...!

Na realização de sua missão, a Igreja sabe que “o homem é o primeiro caminho que ela deve percorrer na realização de sua missão”, isto porque ela tem consciência de sua ...“centralidade dentro da sociedade”, enquanto ele é um “ser social” por excelência (1). “Não se trata do homem ‘abstrato’, mas do homem real, ‘concreto’, ‘histórico’...” (2). Isto significa que a Igreja, para realizar a sua missão, tem que acompanhar as situações em que o ser humano se encontra, valorizar a sua dimensão social e política, detectar nas estruturas os mecanismos que correspondem ou não à proposta do Reino.

Notas:
1. JOÃO PAULO II, Carta encíclica ‘Centesimus Annus’, col. “Documentos Pontifícios” n° 241, Petrópolis: Vozes, 1991, n° 53.
2. Ibidem.
 
Frei Nilo Agostini, ofm

quarta-feira, 26 de junho de 2013

PAZ

PAZ

A MELHOR RESPOSTA PARA OS VIOLENTOS QUE ESCONDEM A CARA!

 Parabéns à maioria ordeira e pacífica.


sexta-feira, 21 de junho de 2013

POLÍTICA, CARIDADE E BEM COMUM

No dia 08/06/2013, num encontro com alunos de colégios jesuítas, indagado sobre o trabalho social, nosso Santo Padre Francisco nos disse:
“Envolver-se na política é uma obrigação para o Cristão. Nós cristãos, não podemos nos fazer de Pilatos e lavar as mãos, não podemos! Temos que nos meter na política, porque a política é uma das formas mais altas da caridade, porque busca o bem comum. Os leigos cristãos devem trabalhar na política.
A política está muito suja, mas eu pergunto: ‘está suja porquê?’ Porque os cristãos não se metem nela com espírito evangélico? É a pergunta que eu faço. É fácil dizer que a culpa é dos outros... Mas eu, o que faço? Isto é um dever! Trabalhar para o bem comum é um dever do cristão”.

A POSTURA FRANCISCANA DIANTE DOS ÚLTIMOS ACONTECIMENTOS

Caríssimos irmãos, Paz e Bem!
 
Diante da situação que vivemos em âmbito nacional, com os reiterados protestos que se iniciaram na semana passada e se tornaram intensos e de dimensões incalculáveis nesta semana, venho, com toda humildade e de modo fraterno, propor alguns critérios franciscanos que possam iluminar o momento de instabilidade, mas principalmente de esperança, que estamos atravessando. Como irmãos menores, pacíficos e humildes, não tenho dúvida de que podemos oferecer, a modo de nosso Seráfico Pai, significativa contribuição neste conflituoso, porém fecundo, contexto. À medida que, pela profissão, consagramos nossa vida à proposta de sermos “Portadores do Dom do Evangelho” (Cf. Documento Final do Capítulo Geral de 2009), é nosso dever discernir os sinais dos tempos e partilhar este dom que recebemos por liberalidade do Senhor.
 
E é com este espírito que desejo partilhar com vocês esta singela reflexão. Olhando para Francisco e para a realidade, apresento quatro critérios que podem nos orientar diante dos últimos acontecimentos. Peço aos irmãos que busquem sempre o discernimento e que procurem, em todos os ambientes onde atuamos, olhar com carinho para estes critérios que agora proponho.
 
1) Promoção da Paz e da Justiça
Repercutindo a sentença profética de Isaías (“A Paz é fruto da Justiça” – Is 32,17), chamo atenção para os termos que compõem este primeiro critério. Promover é colocar em movimento. Faz lembrar a ação do Espírito, que é sopro, vida, movimento, dinamismo e vigor. Portanto, já se percebe desde então que a paz é uma construção, individual e coletiva, que pressupõe o amálgama da justiça.
 
Sendo assim, promover a paz em nada se relaciona com a ação superficial de se colocar “panos quentes” na situação com o objetivo de se manter uma “paz ilusória” e pautada na desigualdade e na injustiça, com a manutenção dos mesmos privilégios para poucos e das muitas privações para inúmeros. Não passa por este caminho a promoção da paz.
Francisco orienta seus frades a cultivarem com intensa dileção a “Paz interior”, através da oração, da meditação e do discernimento. Que busquemos esta Paz que só o Senhor nos pode dar e, a partir dela, procuremos contemplar estes acontecimentos com a clareza e o senso crítico que eles exigem de nós. Interiormente pacificados, teremos melhores condições de nos colocar em diálogo com os inúmeros interlocutores que o Senhor nos apresenta em nossa Missão Evangelizadora. Junto ao exercício místico, busquemos nos informar em profundidade acerca do que vem ocorrendo, a fim de que possamos ser propositivos, coerentes e fundamentados em nossas colocações. Sejamos amorosos e proféticos no anúncio da paz que é fruto da Justiça.
 
2) Prioridade ao diálogo em toda e qualquer situação
Francisco jamais abriu mão do diálogo. Viveu entre os pobres e excluídos, encontrou-se com autoridades civis e eclesiásticas, escreveu aos governantes, foi ao encontro do sultão no Oriente arriscando a própria vida. Era capaz desta postura porque se sentia totalmente livre no Senhor. Não tinha apegos e interesses que pudessem se interpor na busca de um diálogo franco e transparente. Entendendo-se como irmão de todos, a partir da fraternidade, ouvia a todos e também não se furtava em manifestar a quem quer que fosse suas convicções e intuições, tudo pautado no discernimento e na largueza de coração de quem buscava ser coerente com Deus e com as pessoas.
Que nós sejamos também promotores do diálogo. Saibamos ouvir e também nos posicionar de acordo com os apelos do Evangelho. Dentro de nossa possibilidade e em cada de campo de atuação onde estamos presentes, tenhamos o cuidado de privilegiar esta forma de interação humana madura, inteligente e produtiva, marcada pelo respeito às diferenças e pela capacidade de escuta.
 
3) Respeito às instituições democráticas e recusa à violência
Francisco tinha espírito revolucionário. Depois de pegar em armas para lutar, por influência do pai e do ambiente onde vivia, em duas guerras que lhe poderiam gerar (Mas não geraram!) inestimáveis ganhos sociais, tocado no coração pelo Senhor, mudou completamente seu modo de ação. Apropriou-se da Paz que Deus lhe concedeu sem, portanto, retê-la para si e, pacificamente, manteve-se fiel a seu espírito revolucionário, tanto que implementou mudanças inusitadas e inimagináveis no seio da Igreja e da sociedade.
Nossa democracia ainda está em processo de amadurecimento mas, com a graça de Deus e nossos esforços, já demos passos consideráveis a ponto de termos liberdade e possibilidade de expressar nossos pensamentos e valores. As instituições e mediações que garantem esta liberdade possuem muitas fragilidades, mas são os meios de que dispomos para implementar as mudanças sonhadas. Qualquer precipitação neste campo, a recusa ao diálogo e ao reconhecimento das mediações democráticas, a pressa em se promover mudanças históricas que não ocorrem de uma hora para outra, a falta de senso crítico diante dos muitos interesses em jogo nesta luta pelo poder podem compor um perigoso cenário cujas consequências seriam desastrosas para o país e, consequentemente, para o povo. Estejamos atentos!
 
4) Propagação da Lógica do Dom
“Deus ama a quem dá com alegria” (2Cor 9,7b). A afirmação de São Paulo neste texto remete à lógica do dom, da generosidade, tão cara a Francisco. Além de ser amado por Deus, quem consegue viver a partir da ótica da generosidade geralmente se torna uma pessoa leve, alegre, de bem consigo mesma, capaz de amar e ser amada. Não se prende a bens materiais, a posição social, a cargos de poder e comando. Sabe partilhar, percebe as necessidades do outro e faz o possível para atendê-las. A lógica do dom é fonte de liberdade e realização.
Se vivêssemos em sintonia com a virtude da generosidade, com certeza todos os protestos que temos presenciado seriam desnecessários. Eles ocorrem porque a injustiça produzida pela mentalidade do lucro, da concorrência, da exploração e do egoísmo está chegando ao patamar do insuportável. As passagens vão voltar ao preço anterior ao aumento no Rio, em São Paulo e em muitas outras cidades brasileiras, o que representa um importante passo no amadurecimento de nosso povo.
 
No entanto, independente de credo religioso, é mais do que urgente que a lógica do dom passe a vigorar nas mentes e nos corações humanos. Disto depende a justiça, a paz e a harmonia entre as pessoas e também a sobrevivência do planeta. Não é uma tarefa fácil, que possa ser empreendida pela força ou por um decreto. Deve nascer da consciência de cada um, para o bem individual de quem assume e pratica a generosidade e para o bem geral da nação e do planeta.
De coração aberto, reforço o pedido aos irmãos para que busquem tratar destes temas nos diferentes espaços onde atuam. Nas paróquias e santuários, que se procure tratar destes critérios nas celebrações – em especial nas homilias – e reuniões. Que também tenhamos a coragem de levar esta discussão para os meios de comunicação que são por nós dirigidos ou nos quais tenhamos presença. Com relação à nossa Frente de Evangelização da Solidariedade com os empobrecidos, tenho percebido com alegria o engajamento dos frades e trabalhadores do Sefras em todo este processo, de forma especial na cidade de São Paulo. Sigamos em frente com paixão e discernimento. Peço também que em nossas casas de formação este tema seja abordado nos encontros formativos e que também em nossas escolas, na Universidade São Francisco e na FAE, se busque, a partir das mediações curriculares, acadêmicas e pastorais que temos à disposição, contemplar, sob a luz destes “critérios franciscanos”, o momento que estamos atravessando. A nossos irmãos em missão em outros países e realidades (em especial em Angola), recomendo-nos às suas orações e que permaneçamos em sintonia e comunhão.
 
Sem mais, despeço-me e deixo minha bênção paternal e fraternal, com o coração cheio de esperança e com firme certeza de que em todos estes acontecimentos o Senhor nos interpela e nos convida a assumirmos com qualidade e competência nossa vocação de irmãos menores.
Com estima fraterna, em Cristo e em Francisco,

 
Frei Fidêncio Vanboemmel, OFMMinistro Provincial
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
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O SOCIAL PRECISA SER POLITICAMENTE ORGANIZADO EM VISTA DO BEM COMUM!

"O social e o político permitem ao ser humano superar o individualismo, numa interdependência com os outros. A rigor, o imperativo moral que guia... a humanidade é viver com os outros, para chegar a viver para os outros. O ser humano progride e se aperfeiçoa à medida que se abre aos outros e organiza o espaço comum objetivando o bem comum. Tende a formar uma unidade política, fundada quer em costumes quer em instituições capazes de assegurar a manutenção de uma convivência pacífica e justa, apesar da existência de interesses diferentes e de conflitos eventuais. Assim, o social é politicamente organizado. Ao ser planejado, o social garante ao ser humano uma sobrevivência com qualidade".
Frei Nilo Agostini, ofm

quinta-feira, 20 de junho de 2013

VIRTUDES: O ESPÍRITO EM AÇÃO EM VISTA DO BEM COMUM!

“A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum” (1Cor 12,7). “O amor de Deus se derramou em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi dado” (Rm 5,5). Com estes ...textos, podemos traduzir as virtudes como a força de Deus, derramada pelo seu Espírito. Esta comunicação da força de Deus faz com que o ser virtuoso, que define o ser cristão, possa ser identificado como viver segundo o Espírito. Portanto, nas virtudes está em ação o dinamismo do Espírito Santo. Não cabe a nós querermos controlar a sua ação. Igualmente, não há como ficar de braços cruzados ante o seu sopro. O cristão virtuoso sente-se, portanto, impulsionado a viver como Jesus e a ir na direção que o Espírito indicar.
Frei Nilo Agostini, OFM

quarta-feira, 19 de junho de 2013

"CORRUPÇÃO" NA BÍBLIA - INSPIRAÇÃO PARA A NOSSA VIDA!


Texto de Frei Nilo Agostini, ofm

Os registros são numerosos. Vejamos alguns textos nos quais ocorrem o termo “corrupção”:

“Por toda parte, sem distinção, sangue e crime, roubo e fraude, corrupção, deslealdade, revolta, perjúrio” (Sabedoria 14,25).

“Lembra-te de teu fim e deixa de odiar; lembra-te da corrupção e da morte e persevera nos mandamentos” (Eclesiástico 28,6).

“Toda corrupção e injustiça desaparecerão, mas a fidelidade permanece para sempre” (Eclesiástico 40,12).

“Não deixarás o teu Santo experimentar a corrupção” (Atos dos Apóstolos 13,35).

“Quem semear na sua carne, da carne colherá corrupção; quem semear no espírito, do espírito colherá a vida eterna” (São Paulo aos Gálatas 6,8).

Deus, ao fazer uma Aliança com o seu Povo, já no Antigo Testamento, bem como no Novo Testamento, quer que a fé se irradie na vida do povo e vá criando uma sociedade diferente daquela experiência de escravidão lá do passado, no Egito. Não só. Combate também todas as formas de discriminações e idolatrias. Importa viver segundo o Direito e a Justiça, construindo uma sociedade justa e fraterna. Esta é a tarefa do Povo da Aliança. Até o rei, escolhido de Deus, é servidor, é pastor, é juiz; ele recebe de Deus as virtudes do direito e da justiça; ao buscar o desenvolvimento e a prosperidade de todos, deverá ter um cuidado especial para com os fracos e os oprimidos.

O rei recebe de Deus as virtudes do direito e da justiça (Sl 72,1; cf. Is 9,5; Jr 22,3.15 etc), não descuidando da prosperidade e desenvolvimento de seu povo. A sabedoria e a prudência do rei fazem com que sejam escolhidos os melhores dentre o povo para administrar e defender o povo. A unção com o óleo lembra que o rei é investido do Espírito de Deus para que possa salvar a seu povo, julgá-lo e governá-lo, participando da ação de Deus (cf. 2Sm 7,14; Sl 2,7; 110,3; 89,27). O rei é o protetor do seu povo.

Os Profetas, no Antigo Testamento, foram os que mais denunciaram as rupturas da Aliança de Deus com o seu povo, fazendo seguidas menções a questões sociais bem como ao modo de viver a religião. Para eles, o ideal era buscar o direito e justiça (mišpat e sedaqâ). Não deixam de apontar para problemas os mais diversos: a administração da justiça nos tribunais, as injustiças praticadas no comércio, o drama da escravatura, a concentração de terras, as injustiças nos salários, os pesados tributos e impostos, a cobrança de juros e apreensão de bens como garantia de empréstimos, o roubo, o assassinato, o luxo e a riqueza, a ganância. Os substantivos dinheiro e ganância (no sentido de besa’) são os mais usados pelos profetas.

“Ai dos que planejam iniquidade e tramam o mal já em seus leitos!”, profere o Profeta Miquéias (2,1). “Que o direito flua como água e a justiça como riacho perene”, podemos afirmar seguindo pensamento do Profeta Amós (5,21-24).

Jesus, por sua vez, fala a todos: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça” (Mt 6,33a). Ao anunciar o Reino de Deus, Jesus apresenta as sementes que o farão crescer: um mundo de justiça, de paz e de igualdade. Buscar o Reino de Deus constitui o fim último e a sua justiça é o caminho que conduz a ele. A comunidade cristã primitiva sabe, como São Tiago, que não pode faltar a voz profética para defender os pobres dos exploradores (Tg 4,13−5,6). São Paulo adverte os coríntios que a Eucaristia não pode conviver com as desigualdades, nem ser o lugar de uns poucos se empanturrarem e se embriagarem, enquanto outros passam fome (Cf. 1Cor 11,17-34). “Todo aquele que não pratica a justiça não é de Deus, como também não é de Deus quem não ama o seu irmão”, afirma São João (1Jo 3,10).

Quer saber mais: Leia CORRUPÇÃO: UM “MAL” E SUA REPONSABILIDADE MORAL. 

domingo, 16 de junho de 2013

CORRUPÇÃO E SITUAÇÃO POLÍTICA BRASILEIRA

A corrupção em nosso país constitui-se numa presença avassaladora e nefasta que compromete as políticas sociais, invade os órgãos públicos, infiltra-se qual chaga nos podere...s da República. Constitui-se numa grave crise ética. Ela já ultrapassou os níveis suportáveis e de decência. A corrupção se alastra na sociedade e invade as próprias consciências que acabam aceitando como normal o que não se justifica eticamente. Chega-se ao cúmulo da deformação das próprias consciências. Os sinais desta grave crise em nosso país são evidentes e já eram apontados em 1993, no documento “Ética: Pessoa e Sociedade” da CNBB: “Falta honradez na vida pública, profissional e particular. Impressionantes são os níveis de violência, discriminação social, abuso do poder, corrupção, permissivismo, cinismo e impunidade”.

A falta de ética é aqui evocada num lamento por probidade, decência, idoneidade, respeito pelo outro e pelo bem comum. Falta compromisso e honestidade, no âmbito da responsabilidade a mais elementar. Em nosso país, nos deparamos a toda hora com relações de conivência, de simbiose, de cobertura de interesses vários para benesses particulares, em detrimento do público, numa política ou administração de bastidores, com seus conchavos, que compromete o jogo democrático, onera a sociedade e fere a liberdade. Neste cenário, o compromisso e a honestidade são vividos num contexto de sedução permanente, capaz de afastar toda possibilidade de diálogo e exilar a própria ética.

Quer saber/ler mais: Veja meu texto completo em

Frei Nilo Agostini, ofm

sábado, 15 de junho de 2013

ÉTICA CRISTÃ E DESAFIOS ATUAIS - Frei Nilo Agostini, ofm

Esta é mais uma publicação de minha autoria. ESGOTADA!

Disponibilizei quase todo o conteúdo deste livro em http://www.niloagostini.com.br/artigos/


Divulguem! É de graça! Temas de atualidade.

LEIA, ESTUDE, APROFUNDE! CRISTÃO QUE SE PRESA APROFUNDA SUA FÉ.

Aqui você encontra textos diversos que o ajudarão a ser presença viva, integrada e amadurecida.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

CÂNTICO DAS CRIATURAS - São Francisco de Assis

Altíssimo, onipotente, bom Senhor,
teus são o louvor, a glória e a honra e toda bênção.
A ti somente, Altíssimo, são devidos
e homem algum é digno de te mencionar.
 
... Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas, especialmente meu senhor o irmão sol
que, com luz, ilumina o dia e a nós. 
 
E ele é belo e radiante com grande esplendor:
de ti, Altíssimo, carrega significação.
 
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã luz e as estrelas,
no céu as formaste claras e preciosas e belas.
 
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento
e pelo ar e nublado e sereno e todo o tempo
pelo qual dás sustento às tuas criaturas.
 
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água
que é muito útil e humilde e preciosa e casta.
 
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo
pelo qual iluminas a noite e ele é belo e jucundo e robusto e forte.
 
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa mãe terra
que nos sustenta e governa e produz diversos frutos
com coloridas flores e ervas.
 
Louvado sejas, meu Senhor, por aqueles
que perdoam por teu amor
e suportam enfermidades e tribulações.
 
Bem-aventurados aqueles que sustentam a paz porque por ti, Altíssimo, serão coroados.
 
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa morte corporal
da qual nenhum homem vivente pode escapar.
 
Infelizes aqueles que morrem em pecado mortal;
bem-aventurados aqueles
que se encontram em tua santíssima vontade
porque a morte segunda não lhes fará mal.
 
 Louvai e bendizei a meu Senhor
 e agradecei e servi-o com grande humildade.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

ABORTO E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA


Amplia-se o debate sobre o aborto em nosso país. Muitas são as visões que se interpõem, díspares muitas vezes, inclusive quando está em jogo a visão teológica e católica. Nos meios de comunicação em geral, as posições aí aportadas nem sempre são um consenso. Por isso, é indispensável estimular o debate, aguçar a razão e esclarecer a consciência sobre problemas importantes de nossa sociedade.

Quando o assunto é o aborto, importa salientar alguns pontos básicos. Inicialmente, apontamos para o valor da dignidade da pessoa humana. Subjaz a esta o reconhecimento de uma realidade intrínseca, inerente ao próprio ser humano. Presente em cada pessoa, em sua essência mesma, esta dignidade é reconhecida como incomparável, inviolável e inalienável. A humanidade, depois de guerras, holocaustos, genocídios etc, assimilou este reconhecimento como um valor universal que não se pode simplesmente vender, transferir, abdicar ou anular. Trata-se de um respeito devido a cada pessoa.

A diversidade existente entre povos, culturas e mesmo civilizações não implica em diferentes valorações da dignidade das pessoas. O Cristianismo traz, como experiência própria, o testemunho de uma comunidade/povo que se constitui sem fronteiras de raça, povo ou nação. Todos são iguais e reconhecidos em igual nível e valor, porque dotados da mesma dignidade. Cada ser humano, indistintamente, traz estampado em si mesmo este valor em todo o percurso da vida, valor que o marca em todas as suas dimensões, quer corporal/somática, quer psico/afetiva, quer familiar/comunitário/social, quer espiritual/transcendente. Assume-se o ser humano integralmente, incluído todo o percurso de sua vida, o que afasta qualquer resvalo reducionista.

Desde o primeiro instante de sua existência, que se inaugura com o aparecimento de um genoma humano distinto dos pais, o ser humano tem direito à vida; ele traz estampada em si, desde aquele primeiro instante, a dignidade humana. Estamos ante o momento da concepção, a partir do qual o ser humano, no estágio de zigoto, não é mais uma “coisa”, um “meio”; a partir de então, o conceptus humano tem direito à vida, tornando-se sujeito de direitos. E o primeiro dentre estes é o de poder prosseguir o seu caminho de vida, sendo respeitada a sua dignidade. Não estamos diante de algo abstrato, nem mesmo relativo, passível a apreciações subjetivas ou utilitaristas ou ainda a flexibilizações retóricas diversas.

Também neste caso, a consciência, que se queira certa, busca fundar-se e formar-se de maneira reta e verídica. Isto significa que ela busca ter clareza e certeza dos valores que busca, fundando-se no bem e na verdade. Este empenho permite a emergência de um juízo moral esclarecido, não resvalando em juízos errôneos. É neste contexto que o Catecismo da Igreja Católica afirma que “o ser humano deve sempre obedecer ao juízo certo da sua consciência” (n° 1790). Descuidando-se da procura da verdade e do bem, a consciência pode deslizar em julgamentos errôneos, padecer de ignorância, permanecer obcecada por visões relativas, ficar comprometida com o hábito do pecado.

Ante o aborto, afirmamos que “o respeito à vida aparece como um dos princípios mais fundamentais e evidentes”, como bem sublinha o teólogo espanhol E.L. Azpitarte. A Santa Sé, na Carta dos Diretos da Família, de 1983, é contundente ao dizer que “a vida humana deve ser respeitada e protegida de modo absoluto, desde o momento da concepção” (n° 4). A noção de base é o respeito da vida humana, integralmente, do início ao fim. Não podemos sujeitar o respeito de sua dignidade a elementos ou circunstâncias que lhe sejam externos, como se ela fosse algo marginal, relativo, suscetível a mutações segundo interesses, visões e/ou utilizações várias. Grandes desastres na humanidade, como genocídios, holocaustos, abortos e mesmo guerras, começaram por cultivar visões estreitas, reducionistas, utilitaristas, resvalando em maniqueísmos demonizadores do diferente, este rapidamente apontado como adversário malévolo, em seguida suscetível à eliminação.

Importa, hoje, assumir uma posição clara em favor da vida de todos os seres humanos. Desde o primeiro instante da gravidez, quando o óvulo é fecundado, há uma nova vida que precisa de proteção, de acolhida e de amor. Isto implica, conseqüentemente, numa proteção e expansão da vida humana em todas as suas dimensões, na globalidade e unidade de seus componentes, aspectos, dimensões, valores, exigências. Esta antropologia integral é o fundamento, a medida, o critério, a força para a solução que é proposta acerca dos mais diversos problemas. Estes referenciais formam um grande consenso na comunidade teológica, com raras exceções. Teólogos, da magnitude do italiano Dionigi Tettamanzi, os têm apresentado com especial clareza e contundente atualidade.

Frei Nilo Agostini, ofm
Professor na USF (Universidade São Francisco), com sede em Bragança Paulista, professor e coordenador de graduação na FAJOPA (Faculdade João Paulo II), de Marília SP.
Texto já publicado no Jornal “O Globo”

segunda-feira, 10 de junho de 2013

A ÉTICA CRISTÃ E O VALOR DA VIDA HUMANA

Dentro da compreensão integral do ser humano, ressoa muito forte o chamado de Deus em favor da Vida. “Escolhe a vida para que vivas com tua descendência. Pois isto significa vida para ti e tua permanência estável sob...re a terra” (Dt 30,19b.20b). O núcleo central da missão de Jesus está igualmente bem expresso: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em plenitude” (Jo 10,10). Estes textos abarcam a “vida nova” e “eterna”, incluindo todos os aspectos e momentos da vida do ser humano, dando-lhes pleno significado. Fica bem claro que “o evangelho da vida está no centro da mensagem de Jesus” (1).

A ética cristã funda-se, com destaque, no valor incomparável da vida humana, o que torna o ser humano “o primeiro e fundamental caminho da Igreja” (2). A vida humana tem, portanto, um valor incomparável, sendo inviolável; por isso, ela é inalienável (3). Deduz-se daí que só pode ser buscado o seu “bem verdadeiro e integral” (4). Ela é, por exemplo, muito mais do que um simples “material biológico” (5), muito mais do que um código genético ou um simples programa sequencial de um genoma a ser manipulado por engenheiros genéticos.

A vida encerra em si mesma uma sacralidade, enquanto dotada intrinsecamente de uma dignidade toda própria. Afirmar isto significa reconhecer um valor ontológico, sendo cada pessoa portadora desta dignidade a ser reconhecida em si, pois se justifica em si mesma. Teologicamente, esta visão ganha peso pela afirmação do ser humano criado por Deus, à sua imagem e semelhança, possuindo assim uma dignidade e participação especiais na obra da criação (6).

Notas:
1. JOÃO PAULO II, Carta encíclica “Evangelium Vitae”, col. “Documentos Pontifícios” n° 264, Petrópolis: Editora Vozes, 1995, n° 1.
2. Cf. ibidem, n° 2; cf. IDEM, Carta encíclica “Redemptor Hominis”, col. “Documentos Pontifícios” n° 190, Petrópolis: Editora Vozes, 1979, n° 10.
3. Cf. IDEM, Carta encíclica “Evangelium Vitae”, op. cit., n° 5; cf. CONGREGAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO DA FÉ, Sobre o respeito humano à vida humana nascente e a dignidade da procriação – Instrução “Donum Vitae”, col. “Documentos Pontifícios” n° 213, Petrópolis: Editora Vozes, 1987, n° 2.
4. Ibidem.
5. Cf. JOÃO PAULO II, Carta encíclica “Veritatis Splendor”, col. “Documentos Pontifícios” n° 255, Petrópolis: Editora Vozes, 1993, n° 63.
6. AGOSTINI, Nilo, Ética cristã: Vivência comunitária da fé, Petrópolis: Editora Vozes, 2003, p. 32; PESSINI, Leocir, BARCHIFONTAINE, Christian de Paulo de, Fundamentos da bioética, São Paulo: Editora Paulus, 1996, p. 23; DURAND, Guy, A bioética: natureza, princípios, objetivos, São Paulo: Editora Paulus, 1995, p. 38-41; VIDAL, Marciano, Moral de Atitudes, vol: II: Ética da pessoa, 3ª edição, Aparecida: Editora Santuário, 1988, p. 222-225.

sábado, 8 de junho de 2013

OS CRISTÃOS E A SEXUALIDADE: Um olhar positivo!

Nós cristãos sabemos que a sexualidade nos habita por inteiro como homens e mulheres, isto não somente no plano físico, mas também no psicológico e espiritual, e em outros mais, como vimos ac...ima. É a integração desta diversidade de dimensões que nos permite responder plenamente ao chamado de Deus e seus desígnios. Ou seja, a nossa vocação será intensamente vivida e será caminho de realização quando soubermos integrar a sexualidade em todas as suas dimensões e nela perfazer um caminho de amadurecimento contínuo.

Significados fundamentais

Nós sabemos que o amor está no centro de nossa fé, é sua expressão fecunda, sobretudo quando faz-se dom. Isso é tão significativo que nas Orientações Educativas sobre o Amor Humano lemos: “A sexualidade deve ser orientada, elevada e integrada pelo amor que é o único a torná-la verdadeiramente humana. Preparada pelo desenvolvimento biológico e psíquico, cresce harmonicamente e realiza-se em sentido pleno somente com a conquista da maturidade afetiva, que se manifesta no amor desinteressado e no total dom de si” (nº 6).

Trecho do livro: AGOSTINI, Nilo. Teologia Moral: O que você precisa viver e saber. 10a. edição, Petrópolis: Editora Vozes, 2007.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

O QUE É TEOLOGIA MORAL?

"Juntemos as palavras Teologia e Moral. Ao colocá-las juntas, não estamos falando de toda a Teologia, mas de uma parte importante dela. É aquela parte da teologia que, à luz da fé em Deus e da fé vivida e celebrada nas Comunidades (Igreja), busca apontar o caminho prático de amor e felicidade para o ser humano. Com isto, a Teologia Moral quer a realização plena das pessoas e da sociedade. O nosso jeito de realizar isso é o de Jesus Cristo que veio pregar a Boa-Nova do Reino de Deus. “Seguir Cristo é o fundamento essencial e original da moral cristã” (JOÃO PAULO II. Carta encíclica ‘Veritatis Splendor’. Col. Documentos Pontifícios n° 255, Petrópolis: Editora Vozes, 1993, n° 19, p. 31). Com isso, a Teologia Moral busca nos ajudar na realização dos projetos que Deus tem em relação à humanidade, apontando os caminhos práticos para a sua realização. Como se vê, a Teologia Moral é uma ciência prática. Estamos no coração da moral cristã".

 Trecho do livro de AGOSTINI, Nilo. Moral cristã: Temas para o dia a dia. 5a edição. Petrópolis: Editora Vozes, 2010.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

OS OUTROS SÃO A POSSIBILIDADE DE SER E CRESCER!


A pessoa só existe e vive de verdade quando se torna uma presença aberta ao mundo e às outras pessoas. Os outros não são uma limitação; são a possibilidade de ser e crescer. Vejamos o que nos diz, com pertinência, Emmanuel Mounier:

“A pessoa só existe voltada para o outro, ela só se conhece por meio do outro, ela só se encontra no outro. A experiência primitiva da pessoa é a experiência da segunda pessoa: o tu, e nele o nós, precede o eu, ou ao menos o acompanha... Quando a comunicação se enfraquece ou se corrompe, perco profundamente a mim mesmo: todas as loucuras são um fracasso na relação com os outros – o alter torna-se alienus, e eu, por minha vez, torno-me estranho a mim mesmo, alienado. Quase se poderia dizer que só existo à medida que existo para os outros, e, no limite: ser é amar” (MOUNIER, Emmanuel, L’engagement de la foi –Textes choisis, Paris, Éditions du Seuil, 1968, p. 44-45).

Neste mesmo sentido, Bruno Forte capta este dinamismo e o traduz com pertinência através das seguintes palavras:

“O dinamismo da vida pessoal consiste, então, em um permanente sair de si em direção ao outro, para compreendê-lo e assumir suas dificuldades, para dar e dar-se ao outro. Na perseverança de uma relação fiel. Só assim a pessoa se expõe ex-siste, torna-se próximo e é direcionada: o esse ad não é uma possibilidade adicionada, um aspecto acidental, mas resulta constitutivo do ser pessoal enquanto feito não para a solidão de uma interioridade auto-suficiente, mas para a comunhão de uma relação na qual reciprocamente se dá e se recebe” (FORTE, Bruno, À escuta do Outro – Filosofia e revelação, São Paulo, Edições Paulinas, 2003, p. 86).

“Somente a pessoa na comunidade aberta, de irmãos e irmãs, torna-se o símbolo vivo da realidade que é a pessoa humana” (RIBEIRO, Hélcion, A condição humana e a solidariedade cristã, Petrópolis, Editora Vozes, 1998, p. 85).

SEXUALIDADE HUMANA: PARTE INTEGRANTE DE NOSSO SER


"A sexualidade é uma das maiores riquezas do ser humano. Por isso, nossa realização está intimamente ligada a ela. Vivê-la com equilíbrio e maturidade é hoje o grande desafio. As mudanças trazidas pela modernidade e pela pós-modernidade introduziram padrões e comportamentos que mudaram a forma de viver a sexualidade. A visão fragmentada da modernidade e as manifestações miniaturizadas da pós-modernidade tendem a reduzir o seu potencial e a banalizar o seu valor. Nós na Igreja Católica estamos desenvolvendo uma visão integral do ser humano, na qual a sexualidade é parte integrante de todo o seu ser; captamos a sua riqueza, sendo ela um bem; buscamos vivê-la no amor, no dom de si, buscando sempre o bem das pessoas e da sociedade. Assim, a sexualidade torna-se fonte de realização e de comunhão entre as pessoas e com o próprio Deus".

Frei Nilo Agostini, ofm

DIGNIDADE HUMANA: EXIGÊNCIA "PREPOSITIVA"!

A dignidade humana, fundada na própria natureza humana, constitui uma exigência “prepositiva” pela sua anterioridade ao próprio Estado e às suas estruturas jurídicas. Por isso, ela está na origem do direito fundamental da pessoa humana, por exemplo, o direito “à proteção jurídica de seus próprios direitos, proteção eficaz, igual para todos e conforme as normas objetivas da justiça”, como já afirmara João XXIII na encíclica Pacem in Terris (nn. 23-24).
Frei Nilo Agostini, ofm