quarta-feira, 19 de junho de 2013

"CORRUPÇÃO" NA BÍBLIA - INSPIRAÇÃO PARA A NOSSA VIDA!


Texto de Frei Nilo Agostini, ofm

Os registros são numerosos. Vejamos alguns textos nos quais ocorrem o termo “corrupção”:

“Por toda parte, sem distinção, sangue e crime, roubo e fraude, corrupção, deslealdade, revolta, perjúrio” (Sabedoria 14,25).

“Lembra-te de teu fim e deixa de odiar; lembra-te da corrupção e da morte e persevera nos mandamentos” (Eclesiástico 28,6).

“Toda corrupção e injustiça desaparecerão, mas a fidelidade permanece para sempre” (Eclesiástico 40,12).

“Não deixarás o teu Santo experimentar a corrupção” (Atos dos Apóstolos 13,35).

“Quem semear na sua carne, da carne colherá corrupção; quem semear no espírito, do espírito colherá a vida eterna” (São Paulo aos Gálatas 6,8).

Deus, ao fazer uma Aliança com o seu Povo, já no Antigo Testamento, bem como no Novo Testamento, quer que a fé se irradie na vida do povo e vá criando uma sociedade diferente daquela experiência de escravidão lá do passado, no Egito. Não só. Combate também todas as formas de discriminações e idolatrias. Importa viver segundo o Direito e a Justiça, construindo uma sociedade justa e fraterna. Esta é a tarefa do Povo da Aliança. Até o rei, escolhido de Deus, é servidor, é pastor, é juiz; ele recebe de Deus as virtudes do direito e da justiça; ao buscar o desenvolvimento e a prosperidade de todos, deverá ter um cuidado especial para com os fracos e os oprimidos.

O rei recebe de Deus as virtudes do direito e da justiça (Sl 72,1; cf. Is 9,5; Jr 22,3.15 etc), não descuidando da prosperidade e desenvolvimento de seu povo. A sabedoria e a prudência do rei fazem com que sejam escolhidos os melhores dentre o povo para administrar e defender o povo. A unção com o óleo lembra que o rei é investido do Espírito de Deus para que possa salvar a seu povo, julgá-lo e governá-lo, participando da ação de Deus (cf. 2Sm 7,14; Sl 2,7; 110,3; 89,27). O rei é o protetor do seu povo.

Os Profetas, no Antigo Testamento, foram os que mais denunciaram as rupturas da Aliança de Deus com o seu povo, fazendo seguidas menções a questões sociais bem como ao modo de viver a religião. Para eles, o ideal era buscar o direito e justiça (mišpat e sedaqâ). Não deixam de apontar para problemas os mais diversos: a administração da justiça nos tribunais, as injustiças praticadas no comércio, o drama da escravatura, a concentração de terras, as injustiças nos salários, os pesados tributos e impostos, a cobrança de juros e apreensão de bens como garantia de empréstimos, o roubo, o assassinato, o luxo e a riqueza, a ganância. Os substantivos dinheiro e ganância (no sentido de besa’) são os mais usados pelos profetas.

“Ai dos que planejam iniquidade e tramam o mal já em seus leitos!”, profere o Profeta Miquéias (2,1). “Que o direito flua como água e a justiça como riacho perene”, podemos afirmar seguindo pensamento do Profeta Amós (5,21-24).

Jesus, por sua vez, fala a todos: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça” (Mt 6,33a). Ao anunciar o Reino de Deus, Jesus apresenta as sementes que o farão crescer: um mundo de justiça, de paz e de igualdade. Buscar o Reino de Deus constitui o fim último e a sua justiça é o caminho que conduz a ele. A comunidade cristã primitiva sabe, como São Tiago, que não pode faltar a voz profética para defender os pobres dos exploradores (Tg 4,13−5,6). São Paulo adverte os coríntios que a Eucaristia não pode conviver com as desigualdades, nem ser o lugar de uns poucos se empanturrarem e se embriagarem, enquanto outros passam fome (Cf. 1Cor 11,17-34). “Todo aquele que não pratica a justiça não é de Deus, como também não é de Deus quem não ama o seu irmão”, afirma São João (1Jo 3,10).

Quer saber mais: Leia CORRUPÇÃO: UM “MAL” E SUA REPONSABILIDADE MORAL. 

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