A pessoa só existe e vive de verdade quando se torna uma presença aberta ao mundo e às outras pessoas. Os outros não são uma limitação; são a possibilidade de ser e crescer. Vejamos o que nos diz, com pertinência, Emmanuel Mounier:
“A pessoa só existe voltada para o outro, ela só se conhece por meio do outro, ela só se encontra no outro. A experiência primitiva da pessoa é a experiência da segunda pessoa: o tu, e nele o nós, precede o eu, ou ao menos o acompanha... Quando a comunicação se enfraquece ou se corrompe, perco profundamente a mim mesmo: todas as loucuras são um fracasso na relação com os outros – o alter torna-se alienus, e eu, por minha vez, torno-me estranho a mim mesmo, alienado. Quase se poderia dizer que só existo à medida que existo para os outros, e, no limite: ser é amar” (MOUNIER, Emmanuel, L’engagement de la foi –Textes choisis, Paris, Éditions du Seuil, 1968, p. 44-45).
Neste mesmo sentido, Bruno Forte capta este dinamismo e o traduz com pertinência através das seguintes palavras:
“O dinamismo da vida pessoal consiste, então, em um permanente sair de si em direção ao outro, para compreendê-lo e assumir suas dificuldades, para dar e dar-se ao outro. Na perseverança de uma relação fiel. Só assim a pessoa se expõe ex-siste, torna-se próximo e é direcionada: o esse ad não é uma possibilidade adicionada, um aspecto acidental, mas resulta constitutivo do ser pessoal enquanto feito não para a solidão de uma interioridade auto-suficiente, mas para a comunhão de uma relação na qual reciprocamente se dá e se recebe” (FORTE, Bruno, À escuta do Outro – Filosofia e revelação, São Paulo, Edições Paulinas, 2003, p. 86).
“Somente a pessoa na comunidade aberta, de irmãos e irmãs, torna-se o símbolo vivo da realidade que é a pessoa humana” (RIBEIRO, Hélcion, A condição humana e a solidariedade cristã, Petrópolis, Editora Vozes, 1998, p. 85).
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